segunda-feira, 11 de julho de 2011

O USO DO BOTOX POR CIRURGIÕES-DENTISTAS

A toxina botulínica - mais conhecida pelo se nome comercial, o botox - é famosa por seu uso estético na redução das rugas e na minimização das marcas de expressão.

Porém, poucos sabem que essa toxina pode ter um importante uso terapêutico no tratamento de doenças caracterizadas pelo excesso de contração muscular. Na odontologia em particular, a aplicação dessa substância tem se mostrado uma alternativa eficaz no controle de disfunções mandibulares e na correção estética da exposição gengival acentuada.
Com isso, o uso da toxina tem crescido nos consultórios dentários brasileiros e, com ele, veio a controvérsia: terá o cirurgião-dentista legitimidade técnica e ética para aplicar a toxina botulínica em alguns tratamentos odontológicos?
Rubens Côrte Real de Carvalho, conselheiro do Conselho Federal de Odontologia e professor titular do Departamento de Dentística e vice-diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, explica que a toxina botulínica (BTX) é produzida pela bactéria clostridium botulinum e possui sete formas distintas, que vão do tipo A até o G, sendo o tipo A mais comumente utilizado por suas propriedades terapêuticas.
Essa substância é usada há pelo menos 20 anos no tratamento de doenças ocasionadas pela excessiva contração muscular. Quando injetada no músculo, ela atua na sinapse bloqueando a liberação de acetilcolina, substância responsável pela contração, provocando o relaxamento muscular e ocasionando, assim, a diminuição da dor.
Os efeitos desse tratamento, no entanto, são sintomáticos, ou seja, há apenas um alívio temporário dos sintomas. Atualmente no Brasil, estima-se que mais de um milhão de procedimentos como este sejam feitos a cada ano.
"A aplicação da BTX - Tipo A apresenta-se como um procedimento seguro e eficaz, podendo, entretanto, estar associada a possíveis complicações, incluindo reação alérgica, hipoestesia transitória, dor e edema no local de aplicação, eritema, entorpecimento temporário, náusea, dor de cabeça, extensão do local, levado à paralisia indesejada de músculos adjacentes, xerostomia e alteração de voz", esclarece o conselheiro federal.
Rubens destaca ainda o grande potencial de uso dessa substância pelo cirurgião-dentista. "A toxina botulínica, devido às suas características, apresenta um potencial de emprego na área de atuação do cirurgião-dentista em casos de bruxismo, hipertrofia do masseter, disfunções têmporo-mandibulares, sialorreia, assimetria de sorriso, exposição gengival acentuada e, mais recentemente, tem sido descrita a utilização profilática para redução da força muscular dos músculos masseter e temporal em alguns casos de implantodontia de carga imediata".
Atualmente, a toxina é mais frequentemente utilizada na Odontologia para casos de doenças ou disfunções nos músculos mastigatórios que, além e acarretarem dores musculares diversas e a limitação na abertura da boca, podem atrapalhar as funções mastigatórias. Em casos de correção do sorriso com grande aparecimento gengival, a substância também é uma laternativa viável àqueles que não desejam submeter-se à cirurgia ortognática.
Ainda assim, tem-se questionado se o cirurgião-dentista detém ou não competência técnica para fazer uso dessa substância. O conselheiro do CFO acentua que esse profissional, desde que devidamente habilitado e capacitado, possui plenas condições de fazer uso da BTX - tipo A no tratamento dos casos anteriormente mencionados. Mas adverte que "o cirurgião-dentista não pode aplicar essa substância para fins estéticos, pois este tipo de procedimento não se enquadra na área de atuação permitida a essa profissão".
No que diz respeito à qualificação desse profissional, há hoje no País poucos cursos de graduação que inserem em sua grade curricular informações sobre a aplicação da toxina botulínica como recurso terapêutico. Entretanto, o vice-diretor da Faculdade de Odontologia da USP, apesar de destacar que "a capacitação adequada do profissional é imperativa para qualquer tipo de procedimento", afirma que tal situação "justifica-se pelo fato de esse procedimento terapêutico ser algo mais específico, o que o torna matéria condizente com cursos de atualização e/ou especialização".

Fonte: Jornal do CFO/Ano 19/N° 99/Abril-Mai-Jun de 2011
Veja a reportagem na íntegra em http://cfo.org.br/jornal/jornal/

SAIBA MAIS:

1 Comentário:

Unknown disse...

O desenvolvimento científico e arsenal terapêutico disponível dão credenciais ao CD, desde que capacitado para uso da Toxina Botulínica, indiferente são os resultados estéticos obtidos, não é admissível a "reserva de mercado" terapêutico exigida pelos conselhos de medicina e insanamente "acatada" pelo CFO.

Julio Guimarães - julio_dentista@hotmail.com

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